junho 4, 2018
Edipcia Nubón, ex-deputada e economista nicaraguense, levou ao Oslo Freedom Forum (OFF), dia 30 de maio, um pedido à União Europeia, à ONU e a outras organizações internacionais para que “levantem as vozes” e decidam “ações concretas” para deter a repressão violenta contra manifestantes que vem ocorrendo na Nicarágua. Dubón defende que o país não vive “uma democracia imperfeita ou de baixa intensidade, mas sim um regime ditatorial” desde que Daniel Ortega voltou à presidência em 2007 e iniciou um “processo sistemático de desmantelamento dos pilares da democracia representativa”.
A reação violenta do governo aos manifestantes contra a reforma na previdência social deixou cerca de 90 mortos, 800 feridos e 430 presos. Ademais, Dúbon sinaliza o cometimento de delitos de lesa-humanidade contra as vítimas dos protestos.
Na segunda-feira, governo de Ortega propôs retomar o diálogo com a Alianza Cívica (representantes de estudantes, organizações sociais e empresários) com intermédio da Igreja católica, a fim de articular uma saída para a crise. Para Edpcia, as possibilidades de sucesso são praticamente nulas: “Enquanto se discutia essa retomada ao diálogo, Ortega agredia os estudantes nas ruas. Houve 30 feridos e um morto em Managua esse dia”.
Por enquanto, os bloqueios às vias de comunicação se mantêm, embora reduzidos, e os manifestantes se preparam para sair de novo hoje pelo “dia das mães” para “pedir justiça” e para que “as que hoje choram pelos mortos, pelos feridos e desaparecidos sintam que não estão sozinhas”. Dubón destaca que a prioridade deve ser manter a luta pacífica, e buscar que “se faça justiça e se estabeleça uma junta de transição que permita o reestabelecimento da rota democrática do país”. “Falar nesse momento de eleições antecipadas sem ter uma infraestrutura que assegure eleições livres e transparentes não levaria a lugar algum”.
O Exército tem mantido certa distância com o Governo nessa crise, mas, de acordo com Dubón, supõe uma “incógnita importante”. “Não deveria agir. Isso será definitivo para essa luta, de que lado estão. Se estão do lado da justiça, do povo, ou se vão atuar subordinados a Ortega. É uma das variáveis mais importantes que está para ser descoberta”, acrescenta. Outro pilar do Governo, o setor empresarial, também foi abalado por pedidos de demissão. “O país está em uma franca desestabilidade, é necessário que se reestabeleça a ordem e a paz, e Ortega não é garantia disso porque a maioria dos nicaraguenses não o quer”, opina Dubón.
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