Elena Castiglia, mãe de Libero Giancarlo Castiglia, buscou o corpo do filho até sua morte, aos 95 anos. Ele foi morto no contexto da Guerrilha do Araguaia, movimento que combateu a ditadura militar brasileira dos anos finais dos anos 60 até o início de 1970.
A família era imigrante no Brasil, vinda da Itália. O jovem se uniu ao movimento quando tinha pouco mais de 20 anos, assumindo o codinome “Joca”. Foi morto pelas Forças Armadas alguns anos depois, juntamente a 62 outras pessoas. Após o desaparecimento de Libero, os Castiglia retornaram à Itália, ficando cerca de 30 anos sem notícias do parente. Em 1997, receberam por correio um atestado de óbito. “Até aquele dia, ainda tínhamos esperança de encontrá-lo vivo. Pode parecer absurdo, mas nessas situações os parentes acabam se apegando a qualquer coisa, mesmo contra qualquer lógica (…) Em família, continuávamos a festejar datas como Natal e aniversários, mas evitávamos tocar no seu nome para nos proteger da dor. Mamãe não tinha mais lágrimas para chorar.”, diz Walter, irmão de Libero.
Até a atualidade, apenas dois dos restos mortais dos militantes foram encontrados, identificados e sepultados adequadamente. Foi afirmado pelos sobrinhos de Libero que a família se sente abandonada pelo governo brasileiro e que não irá desistir de conhecer a verdade sobre a morte do familiar.
De acordo com o governo brasileiro, a busca pelos restos mortais dos guerrilheiros não foi interrompida, e alegou que estão programadas três expedições ao Araguaia para este ano, começando em julho. “A posição oficial do governo brasileiro é de continuar enviando esforços para a localização, identificação e restituição de restos às famílias de desaparecidos políticos.”, informou o Ministério dos Direitos Humanos.
Leia mais clicando aqui
O governo da Espanha tomou a decisão de exumar o corpo de Francisco Franco, ditador durante o período de 1939 – 1975. Ele está enterrado no Vale dos Caídos, monumento símbolo da ditadura franquista.
Isabel Celaá, porta-voz do Executivo espanhol, declarou que o Vale deve ser um “memorial de paz e reconciliação” para as vítimas da guerra civil (1936 – 1939) dos dois lados, o que é impedido por ser um “referencial dos restos mortais de um ditador”. Ela também afirmou que não há data marcada para o ato, por não haver precedentes, mas garante que haverá “muito respeito à dignidade humana”. Quanto às conversas com os familiares de Franco, afirmou que são privadas e portanto não irá revelá-las.
A transferência dos restos mortais tem sua viabilidade por meio de uma reforma da Lei de Memória Histórica espanhola.
Leia mais clicando aqui
Foi decidido pela Suprema Corte do Chile que a família de Augusto Pinochet, ex-ditador (1973 – 1990), deverá devolver R$19,6 milhões que foram fruto de esquemas de corrupção implementados durante o seu governo. A decisão não pode ser recorrida.
Também irão a leilão propriedades e veículos que pertenciam a Pinochet. Somado o valor arrecadado com o leilão e a quantia em dinheiro, o total pode chegar a R$50,2 milhões.
O dinheiro encontrava-se distribuído em 125 contas do Riggs Bank, que foram encontradas em 2004. A partir desse momento, o governo chileno buscou na Justiça a reparação devida, sem sucesso. Em 2015 foi decidido por um juiz de primeira instância que os familiares do ditador deveriam devolver o dinheiro, mas teve sua decisão anulada por uma Corte de apelações, que declarou o status de prescrito do crime e a impossibilidade de responsabilização dos familiares de Pinochet por um delito no qual não tiveram participação.
Leia mais clicando aqui
Em comemoração ao Dia do Orgulho LGBT, a TV USP lança série que retrata a resistência da comunidade durante o regime de exceção brasileiro. Os vídeos têm como pano de fundo a tese Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da ditadura brasileira (1964-1988), de Renan Quinalha.
Assista o primeiro vídeo da série clicando aqui
Iniciou-se, em Madri, na última semana, o julgamento dos responsáveis por roubo de bebês de mães opositoras da ditadura franquista (1936-1975. Estima-se que mais de 30 mil crianças foram separadas de seus lares, declarados mortos e entregues para adoção, inclusive com falsificação de certidões de nascimento. Os crimes também atingiram crianças provindas de famílias pobres/fora do casamento.
Dentre os denunciados, está o médico Eduardo Vilela, acusado de separar a espanhola Inés Madrigal de sua mãe biológica e falsificar sua certidão de nascimento. A promotoria solicita que Vilela, hoje com 85 anos, seja condenado a 11 anos de prisão. Nos depoimentos prestados durante a semana, o médico negou veementemente qualquer participação nos crimes.
A Argentina também vivenciou problema similar durante seu período ditatorial, quando aproximadamente 500 crianças foram retiradas de suas famílias, sendo que, até o momento, dois ex-chefes da Junta Militar, Jorge Videla e Reynaldo Bignone, foram condenados em 2012 pelos crimes cometidos.
Leia mais clicando aqui ou aqui
Em 2013 Karen Keilt enviou uma mensagem à Comissão Nacional da Verdade, que expunha o fato de ter sido abordada por policiais em sua casa, no dia 19 de maio de 1976, que afirmavam que ela e seu marido seriam presos por tráfico de drogas. O casal foi levado à força para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), onde sofreram espancamentos e torturas. Ficaram presos por 45 dias, que tornaram o marido de Keilt dependente de uma bengala para o resto de uma vida, e o influenciaram a cometer suicídio, em 2001.
Ela afirma que por quatro décadas acreditou que tinham sido vítimas de um golpe para conseguir dinheiro, mas que após ter testemunhado à CNV e pesquisado mais sobre o passado do pai, passou a desconfiar que ele tivesse conexões com a CIA. Após a liberação dos documentos da CIA sobre Geisel, em maio, Keilt encontrou um arquivo que indica que o pai trabalhou para a CIA até 1975.
O casal foi preso sem nenhuma acusação formal. Foi insistido que assinassem uma confissão por tráfico de drogas, o que recusaram. Karen acredita que foram vítimas a fim de atingir seu pai, e mostrá-lo que “ele não era todo-poderoso”, por ser da CIA.
Keilt nunca buscou justiça no Brasil, mas recentemente entrou em contato com advogados britânicos a fim de iniciar uma ação contra o governo brasileiro a fim de rever a Lei da Anistia. O processo não foi iniciado ainda por se tratar de uma ação coletiva, e Keilt não ter contato com outras vítimas.
Leia mais clicando aqui
O governo venezuelano rejeitou, no dia 22 de junho, o relatório do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) que propõe uma ação do Tribunal Penal Internacional como consequência aos abusos cometidos e à impunidade generalizada. O relatório denuncia centenas de homicídios, possibilidade de existência de execuções sumárias, detenções arbitrárias e torturas praticados pelas forças de segurança do país.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores venezuelano, o relatório deve ser desqualificado por ser “resultado de uma metodologia altamente questionável que sepulta a credibilidade e o rigor técnico exigido a um Escritório dessa natureza e viola os princípios de objetividade, imparcialidade e não seletividade. (…) O referido documento constitui um ato arbitrário que vulnera as próprias normas de funcionamento do Escritório e usurpa as atribuições que correspondem a outros órgãos da ONU”.
A nota oficial afirma ainda que o alto comissário possui uma “marcada comissão contra a Venezuela” e que “omite deliberadamente atuações e conclusões de procedimentos especiais do próprio Conselho de Direitos Humanos, que desmontam as calúnias do recente e politizado relatório”.
O governo liderado por Maduro critica a posição do EACDH, dizendo que o órgão é cúmplice das “agressões contra a Venezuela”, se referindo à omissão quanto às sanções econômicas internacionais impostas à Caracas nos últimos meses, o que gerou “impacto negativo no gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais” dos cidadãos venezuelanos.
O Ministério de Relações Exteriores reiterou o compromisso que o governo possui com os direitos humanos, além da disposição para cooperar com órgãos da ONU que tratam dessa matéria, sempre que a soberania do país seja respeitada e se “atue com rigor e verdade”.
Leia mais clicando aqui
A Nicarágua solicitou que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a União Europeia (EU) visitem o país, a fim de investigar as mortes que ocorreram desde o início (em abril desse ano) das manifestações contra o governo de Ortega. Representantes do CIDH e do escritório do Alto Comissário das Nações Unidas já manifestaram que estão se preparando para realizar o ato.
O secretário-executivo da CIDH, Paulo Abrão, afirmou que a equipe organizada tem propósito de apoiar a sociedade civil, além de acompanhar a Comissão de Verificação e Cidadania formada. Disse também que um grupo internacional trabalhará “in loco” a partir da primeira semana de julho para apurar todas as mortes e atos de violência, bem como os responsáveis.
No dia 27 de junho de 2017 completou-se 70 dias desde o início da crise sociopolítica nicaraguense, que conta com pelo menos 200 mortes.
Leia mais clicando aqui
A passeata dos 100 mil, primeira grande manifestação contra o Regime Militar, completará 50 anos no dia 26 de junho.
A organização teve início 3 meses antes da execução em si, em 28 de março de 1968. Isso ocorreu devido à morte do estudante Edson Luis de Lima Souto, assassinado no restaurante Calabouço, no Rio. Dezenas de milhares acompanharam o velório e a Missa de Sétimo Dia do adolescente. A formação da passeata teve colaboração de artistas, de intelectuais e da Igreja Católica.
Partindo da Cinelândia, no Rio de Janeiro, nas primeiras horas da manhã, a multidão seguiu protestando até a Assembleia Legislativa, clamando o fim da repressão e da censura, bem como a volta da democracia. Não houve intervenção policial no evento. Artistas como Nana Caymmi, Edu Lobo, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso estiveram presentes.
“Não é uma coisa que se esqueça. Foi muito forte. A gente estava, todo mundo, com várias questões em mente e havia reuniões frequentes nas casas das pessoas e nos teatros. (…)Era o momento de dizer não para várias coisas que estavam acontecendo. A gente queria votar, a gente queria o fim da censura, a gente queria uma série de coisas que, na verdade, depois dessa movimentação toda, até pioraram”, declarou Joyce Moreno, cantora.
Apesar da magnitude da manifestação, a ditadura só encontrou seu fim duas décadas depois.
Leia mais clicando aqui